Durante praticamente um mês nossa Igreja anunciou nos cultos a realização de um seminário escatológico com a presença do pastor e cientista Ailton Muniz de Carvalho. Pastor e cientista? Pode? O pastor da nossa Igreja, Antonio Baltazar, passou-me o material que seria ministrado e fiquei muito assustado. Sabia da existência de outras correntes escatológicas, estudadas em seminários e cursos teológicos e depois divulgadas em seminários ministrados por mim em várias Igrejas.
Enquanto lia as linhas do seu material, foi-me fugindo a capacidade de refutar a maioria dos seus pensamentos. Existe uma profunda análise de cada texto da Bíblia, sem falar nas inúmeras referências cruzadas, a maioria explicando coisas que ninguém jamais ousou pronunciar. Textos que a maioria dos ensinadores e estudiosos (incluo-me nesta classe) procuram evitar por causa das dificuldades hermenêuticas na interpretação como por exemplo:
- alguns de vós não experimentarão a morte (Mt 16. 28);
- as duas testemunhas no período tribulacional (Ap 11.3-10);
- símbolos e figuras de apocalipse;
- as setenta semanas de Daniel;
- a geração do arrebatamento;
- entre outras.
O autor trataria em seu seminário de questões polêmicas como:
- Barack Obama - ó último presidente dos EUA;
- Brasil - Potencial Econômica do período tribulacional;
- entre outras.
A que me deixou três noites sem dormir tornou-se tema das minhas futuras conversas. Depois de pregar na primeira noite (a primeira das doze que ainda viriam), por trás de um homem tão inteligente, para mim se revelava também um homem muito simples, de admiração às coisas comuns. Permita-me usar esse espaço para falar da formação do Pr. Ailton Muniz:
- Nascido em 2 de julho de 1952, na cidade de Belmonte, extremo sul do litoral da Bahia;
- Engenheiro Industrial formado em 1977.
- Doutor em Partícula Nuclear, com diversas especializações no exterior.
- Atuou em diversas empresas nacionais e internacionais, chegando a cargos de diretoria.
- Realizou várias viagens internacionais para implantação de projetos e treinamentos.
- Professor de Teologia por opção, Ministro do Evangelho por eleição, Cristão por convicção, o autor se orgulha em ser o primeiro ocupante da cadeira de número 33, da APEL (Academia Paulista Evangélica de Letras), cujo patrono é o saudoso Pr. Paulo Leivas Macalão
Tentei colocar bem resumido o seu currículo, mas eu mesmo demorei quinze minutos para dizer tudo o que ele é. No segundo dia de sua estada em nossa Igreja, fui convidado a almoçar com ele; que honra! Comemos um delicioso peixe ao molho branco desfrutando de uma conversa saudável sobre a Obra de Deus e a Bíblia. Teminamos de almoçar e fui inquerido pelo Pr. Baltazar a fazer perguntas difíceis da Bíblia. Como considero-me um estudioso das Sagradas Escrituras e minha mente é conduzida pelas dúvidas (jugo serem necessárias para a descoberta dos detalhes que existem além do óbvio), abordei o tema escatológico da Grande Tribulação. Passado quinze minutos que ele, concomitantemente (essa palavra é a "cara" dele) falava e riscava um pedaço de lenço de papel do restaurante, as pessoas ao redor foram atraídas pela nossa conversa. As horas passaram e um número considerável de pessoas fitaram seus olhos a nossa conversa, sendo encorajadas a fazerem perguntas sobre o "difícil" tema.
Muitas pessoas ficaram perturbadas com a maioria de sua preleções. Quando confessei-lhe que havia conseguido dormir, ele disse-me: "É isso que eu quero despertar nas pessoas. A teologia não é uma ciência estática. Ainda existem grandes revelações".
Durante suas ministrações, confesso que tive vontade de arrancar-lhe o microfone e eclipsar a sua voz a fim de que ninguém mais ouvisse aquelas palavras (falo isso confiado na liberdade que adquirimos um para com o outro). Mas, como bom ouvinte, mantie o controle e esperei ver no que ia dar. O resultado? Minha mente ainda se pega viajando sobre a maioria de suas palavras. A Igreja pode ter esquecido dele, mas a minha vida de investigação teológica (falo sem demagogia) é Antes de Ailton e Depois de Ailton.
Acredito que suas palavras precisam ser ouvidas. Suas revelações bíblicas precisam ser divulgadas. Suas palavras precisam ser escritas várias e várias vezes. Aprendi a respeitá-lo, tornamo-nos amigos, mesmo considerando a incrível distância que nos separa (ele mora em São Paulo/SP e eu em Porto Velho/RO).
Hoje desfrutamos de muita amizade. Sempre que tenho oportunidade, ligo para sua casa e converso sobre muitas coisas. Não posso deixar de escrever: quando se refere a mim, ele chama-me de professor, mas confesso, minhas palavras são pobres para descrever o modo como devo referir-me a ele.
Sem muitas palavras, Nilonei Ramos.