A OBRA DEMANDA DEPENDÊNCIA TOTAL DE DEUS
“Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu” (Ne 1.4).
O livro de Neemias mostra-nos que este partiu da Pérsia para Jerusalém em 444 a.C., como governador de Judá. Isto ocorreu treze anos após a chegada de Esdras a Jerusalém.
Neemias estava incumbido pelo rei da Pérsia para reconstruir o muro de Jerusalém e fortificar a cidade (Ne 2.7,8).
Neemias tinha grande solicitude pelo seu povo e pela obra de Deus em Judá. Durante quatro meses (Ne 1.1 e 2.1), derramou seu coração diante de Deus, em jejum e oração, com muitas lágrimas, por causa do problema que afligia o povo de Deus em Jerusalém e em Judá.
Neemias estava concentrado em Deus. Mais de doze vezes ele orou, desde quando ouviu pela primeira vez, até quando lidou com a última irregularidade (Ne 13:29-31). Seu projeto era o que Deus tinha posto em seu coração (Ne 2:12). Estava em seu coração porque ele conhecia bem os propósitos de Deus, estava preocupado com a condição do povo de Deus, e estava determinado a fazer alguma coisa para ajudar.
Se estivermos concentrados em Deus em nossos corações, saberemos seus propósitos em reconciliar-se com os pecadores, teremos profunda tristeza no coração por eles, e determinaremos prosseguir à tarefa de redimi-los. Esta meta se apossará de nossas mentes.
O livro de Neemias é todo marcado pela dependência de Deus. É nessa condição que ele concluiu a obra num tempo recorde, isto é, em 52 dias (Ne 6.15).
1. Para Neemias, falar com Deus era uma questão de honra
“E o rei me disse: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus” (Ne 2.4).
“... e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne 1.4).
“Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados...” (Ne 4.4).
“Lembra-te de mim para bem, ó meu Deus, e de tudo quanto fiz a este povo” (5.19).
“Agora, pois, ó Deus, esforça as minhas mãos” (Ne 6.9).
Observamos que a dependência divina é o segredo para todo o sucesso em qualquer esfera da vida. Deus se coloca na condição de auxiliador daqueles que se deixam dirigir por Sua vontade.
Neemias sabia que enfrentaria muitos empecilhos na realização daquela tão nobre obra, a reconstrução dos muros da cidade.
Sem a dependência de Deus o trabalho de um líder é infrutífero e sem brilho espiritual. Um líder dependente de Deus levará o rebanho a estar na mesma santa dependência.
Deus não usa aqueles que são capacitados ou mais hábeis; o Pai usa os disponíveis, pois são esses que se tornam mais dependentes de Deus. Quanto mais dependentes forem muito mais o Senhor o usará.
Ser dependente de Deus não é ser um bebê chorão, que toda hora chora pedindo colo. Ser dependente de Deus é não fazer nada sem sua permissão.
Alguma criança vai a algum lugar sem pedir primeiro para os pais? Uma criança novinha não pode ir a lugar algum sozinha. Pra onde ela quiser, os pais vão junto, se eles quiserem levá-la. Assim também perante Deus. Um cristão não pode tomar as decisões sem pedir primeiro a permissão de Deus.
Ora, se a nossa vida não é mais nossa, mas de Jesus, então, só vamos onde Deus quer que estejamos. Fazemos o que Deus quer que façamos. Em tudo pedimos a direção de Deus. Em tudo!
2. Orar é demonstrar total dependência de Deus
Ao orar, Neemias mostra que tinha parceria com o Eterno, e que era insuficiente para executar sozinho aquela grande obra.
Talvez seja por isso que nós não oramos como devíamos, pois nós nos julgamos tão capazes e competentes.
Sem oração não há dependência. A oração é a coisa mais importante na vida das pessoas que querem trabalhar para o Reino de Deus. É tão importante, que os Apóstolos se negaram a servir as mesas, não por negligência, mas por entenderem que “a oração e o ministério da Palavra” (At 6:4) eram prioridades.
Quantos de nossos problemas de relacionamentos, falta de recursos financeiros, desânimo e outras coisas mais, poderiam ser facilmente resolvidas, se realmente orássemos: aqui não está se falando de ficarmos diante de Deus, balbuciando palavras sem sentido, enfadonhas que não expressam de fato a realidade em que vivemos. Ao dizer que Neemias orou, a Bíblia diz: "Então orei ao Deus dos céus" (Ne 2.4). Neemias era o líder, ele mais do que ninguém tinha a obrigação de erguer a voz e pedir misericórdia.
A oração é a marca do líder que confia em Deus, como bem dizia Lutero: "quem não tiver fé verdadeira não saberá orar". Liderança sem oração gera ministério sem poder. É comum ouvirmos dizer: “Muita oração, muita poder, pouca oração pouco poder, nenhuma oração nenhum poder".
Seria muito importante reavaliarmos nossa vida de oração diante da obra que Deus tem nos chamada a desenvolver.
A questão não é orar até que Deus nos ouça o que lhe pedimos, mas até entender aquilo que Ele nos pede.
3. O Conteúdo da Oração de Neemias
a) Reconhecimento da soberania divina (Ne 1.5).
Neemias expressa: “Oh Senhor, Deus do céu, Deus grande e temível, que guardas o pacto e usas de misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos”.
Deus sempre estará direcionando respostas àqueles que o temem, reconhecendo seu senhorio. Qual foi a experiência de Davi sendo um homem temente a Deus? Ele mesmo nos responde no Salmo 34.9,10: “Nada falta aos que o temem”.
b) Confissão de pecados (Ne 1.6,7).
Num ato de coragem e sinceridade: “Estejam atentos os teus ouvidos e abertos os teus olhos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos, confessando eu os pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; sim, eu e a casa de meu pai pecamos; na verdade temos procedido perversamente contra ti, e não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a teu servo Moisés”.
A expressão de Neemias deixa-nos uma lição rica. Ele assim expressa: "... temos pecado”. Passamos a entender que jamais poderemos ser bons líderes, se não tiver a capacidade de reconhecer o pecado em nós primeiramente.
A primeira coisa verdadeiramente grande que Neemias faz é reconhecer-se pecador diante de Deus. Não somente o pecado dos outros que interessa, mas o nosso próprio pecado. A minha relação de ajuda de condução das pessoas a Deus passa pela confissão das minhas falhas pessoais. Aprendo que: "Eu só posso levar alguém tão perto de Cristo, quanto eu estou" (Reinold Frenzel).
c) Fé na Palavra (Ne 1.8,9).
Um líder que deposita total confiança na Palavra, pode dizer: “Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a teu servo Moisés, dizendo: Se vós transgredirdes, eu vos espalharei por entre os povos; mas se vos converterdes a mim, e guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, ainda que os vossos rejeitados estejam na extremidade do céu, de lá os ajuntarei e os trarei para o lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome”.
Orar crendo que o que está escrito na Palavra de Deus é digno de confiança e que podemos alcançar. Precisamos entender que Deus nos atende à medida que pedimos de acordo com Sua Palavra: "E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos" (1Jo 5:14-15).
4. Exemplos de homens que viveram totalmente dependentes de Deus
a) Elias (1Rs 17.3,4)
Depender de Deus é estar certo de que na hora em que houver crises de qualquer natureza, haverá uma saída. Quando Elias profetizou que não choveria por um certo período de tempo, Deus providenciou uma saída para o profeta.
Essa foi a exata mensagem divina: “Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão. Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem” (1Rs 17.3,4).
Quando o ribeiro secou-se o profeta Elias se deslocou para uma terra estrangeira: “Mas, passados dias, a torrente secou, porque não chovia sobre a terra. Então, lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida” (1Rs 17.7-9).
O que se segue a essa experiência é que depender de Deus não significa estar livre de dificuldades, mas ter a certeza de que Deus é fiel e suprirá todas as necessidades (Fp 4.13).
Aprendemos com essa experiência que quem é dependente de Deus, tem o suprimento necessário de pão e água, ainda que o povo passe fome e sede.
Billy Graham tem dito constantemente: “Se Deus tirar a mão da minha vida, estes lábios se tornarão lábios de barro”.
b) O rei Davi (Sl 3.5).
Algo que aprendemos com Davi, é viver na dependência de Deus. Ao citar o Salmo três há uma linda expressão de confiança. No versículo cinco ele expressa: “Eu me deitei e dormi, acordei, porque o Senhor me sustentou”. Aprendemos uma grande lição nesse texto: Davi declara que é dependente de Deus, em tudo, até para dormir e acordar!
c) O Senhor Jesus (Pai seja feita a tua vontade...).
Seu Ministério terreno é a expressão exata dessa dependência. Jesus sempre quis saber qual era a vontade do Pai. Vejamos alguns exemplos:
Em Mt 14.23: "E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava Ele, só”.
Em Lc 11.1: "De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos Seus discípulos Lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos”.
Em Lc 3.21: "E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu”.
Em Mt 26.36: "Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a Seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto Eu vou ali orar”.
Em Mt 26.42: “Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. Mesmo no Getsêmani, antevendo as dores da crucificação foi totalmente depende do Pai.
5. Dependência divina – regra para um ministério bem sucedido
Para ser vitorioso e ter uma vida bem sucedida, só há uma receita: estar na dependência divina. O crente tem que entender que Sem Jesus, nada pode fazer. Foi o próprio Senhor quem disse: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
6. Dependência divina compartilhada por homens de Deus
Spurgeon respondendo sobre o sucesso do seu ministério disse: “Trabalho de joelhos! Trabalho de Joelhos!”.
Wesley L. Duewel em seu livro Em Chamas para Deus diz: “O sucesso do ministério pastoral não está no tamanho da sua Igreja, nem na sua arrecadação, nem nos planos e métodos de trabalho, mas, antes, no tempo em que o seu líder investe em oração”.
E. M. Bounds escreveu: “Muita oração é o sinal e selo dos grandes líderes de Deus”. Ele, ainda, afirma: “Nenhum conhecimento substitui a oração ou a falta dela. Nenhuma sinceridade, diligência, estudo, dom suprirá a sua falta. Falar com os homens sobre Deus é uma grande coisa, mas falar com Deus sobre os homens é uma coisa ainda maior. Pois palavras sem oração, são palavras mortas”.
Bounds assim disse: “líderes que não oram prejudicam a causa de Deus”.
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