
Houve um tempo em que não nos
importávamos com o pregador, desde que ele pregasse a Palavra de Deus. Não nos atrevíamos
a falar nada, porque tínhamos um profundo temor em relação ao mensageiro de
Deus. Isso passou! Não porque tenhamos perdido o "temor" pelo
"homem da Palavra", mas porque passamos a olhar exatamente para o que
Jesus nos ensinou quanto aos frutos.
De uns anos pra cá, tenho ouvido muitos
sermões fazendo um apelo a uma vida conforme o sermão, ou seja, uma busca por
um equilíbrio entre o que se vive e o que se prega.
Recentemente, ouvi um pastor contar que
certo pregador, desejoso por um Ministério de pregação impactante, tomou em
suas mãos o sermão de Johnathan Edwards "Pecadores Perdidos nas Mãos de um
Deus Irado" e decorou-o completamente, recheando com sua eloquência e
avidez. Obteve uma oportunidade e pregou-o na íntegra. Pasmem, ao invés de se
agarrarem as colunas do templo, como diz a história do antigo pregador, o povo
"agarrou-se" ao sono. Nada aconteceu!
Um jovem seminarista, inflamado pelo
desejo de pregar, esboçou sua mensagem no Salmo 23, o conhecido Salmo do
Pastor. Em sua prédica, expôs minuciosamente cada palavra do salmo, enfatizando
o original hebraico e os tempos verbais. A Igreja estática ouviu-lhe sem
esboçar qualquer reação. Dias depois, um velho pastor leu o mesmo salmo, na
mesma Igreja e os irmãos puderam celebrar a linda exposição bíblica. O jovem
seminarista aproximou-se do velho pastor e disse-lhe: "Há poucos dias,
preguei neste mesmo salmo, enriquecendo a Igreja com os detalhes exegéticos e
nada aconteceu. Agora o senhor vem e prega o que todos já sabem e a Igreja se
alegra. O que aconteceu? O que você tem?" O velho pastor respondeu:
"O que aconteceu? O que eu tenho? A diferença, meu filho, é que você
conhece o 'Salmo do Pastor', mas eu conheço 'O Pastor do Salmo'!"
Assim tem sido nos nossos dias. Ouve-se
brilhantes sermões de quem não tem nada de Deus. Os homens piedosos estão em
extinção. Busca-se mais leitura do que oração. Passa-se mais tempo debruçado em
cima de livros do que com os joelhos no chão. Perguntaram à Aiden Tozer:
"O que é mais importante: ler a Bíblia ou orar?" Ele respondeu:
"O que é mais importante para um pássaro: a asa direita ou a asa
esquerda?" Nossa vida cristã como pregador do Evangelho não pode ser
dissociada daquilo que vivemos.
Tenho ouvido sermões duros de quem é
liberal. Tenho ouvido sermões profundos de quem é superficial. Tenho ouvidos
sermões que exaltam a vida cristã de quem é profano. Tenho ouvido sermões sobre
família de quem já trocou de cônjuge. Tenho ouvido sermões sobre criação de filhos
de quem já perdeu os seus. Tenho ouvido sermões sobre fé de quem chora suas
misérias. Tenho ouvido sermões sobre misericórdia de quem é ávido por
julgamentos e lerdo para ajudar o próximo. Tenho ouvido sermões sobre
honestidade de quem publicamente conduz a Igreja para seus próprios devaneios. Isso
precisa mudar!
O seu sermão condiz com o que você
prega? Sua vida é aliada do seu sermão ou testemunha contra ele? Na próxima vez
que for pregar, não pregue nada que não seja uma verdade em sua vida. Não
pregue nada que não seja o Evangelho e que o Evangelho seja a sua vida. Como
bem disse F. B. Meyer: "A maior prova de que a Bíblia é a verdade e
funciona, são as vidas transformadas daqueles que creram nela".
Nenhum comentário:
Postar um comentário