sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

EU TENHO UM CHAMADO?


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Nem sempre, conseguimos encontrar nosso lugar no corpo de Cristo. O desejo de abraçar várias atividades na Igreja põe em cheque a qualidade dos trabalhos. A missão é determinada pela identidade. O carpinteiro trabalha com madeira, o oleiro com barro, o advogado com leis, o médico com diagnósticos. Se qualquer um desses desejar assumir o lugar do outro, haverá prejuízos.

Quando surge a dúvida do chamado, é hora que parar e analisar alguns pontos que considero importante em minha trajetória como cristão:

1. Não há nenhum cristão sem chamado. Todos os que creram no Evangelho devem procurar onde devem também trabalhar. O primeiro chamado é "vinde"; o segundo é "ide". No primeiro chamado, a salvação é recebida; no segundo, o salvo passa a ser pregoeiro dessa mesma salvação que recebeu.

2. É importante não confundir chamado "evidente" com chamado "importante". Um chamado importante pode não ser evidente, ou seja, nem sempre está à vista de todos. A ilustração do corpo facilita a compreensão aqui: o dedo mínimo do pé geralmente fica torto porque sobre ele pesa a responsabilidade de equilibrar o corpo quando em movimento. A sombrancelha, que parece ser apenas um amontoado de pelos acima dos olhos, tem a responsabilidade de impedir que o suor escorra para os olhos. Coisas mínimas cumprem papel importante.

3. O chamado pode ter caráter concreto ou abstrato. Pode ser uma responsabilidade ou disposição. Alguns são encargos que a Igreja se utiliza na sua organização institucional; outros acontecem naturalmente no corpo de Cristo. Liderar um departamento, desempenhar um ministério ou servir em algum trabalho, são chamados de caráter concreto. É possível avaliar numericamente os resultados. Transmitir paz ao desesperado, cumprimentar com alegria um visitante ou ser solícito com quem procura ajuda, são chamados de caráter abstrato. É impossível avaliar os resultados porque não há dados para serem computados. Gosto sempre de lembrar da história de um cristão que procurou o reformador Martinho Lutero para saber como seria possível ser um cristão.que cumpre o chamado de Deus. A resposta do reformador é fantástica: "'Em que o irmão trabalha?' 'Sou sapateiro', respondeu. Completou Lutero: 'Faça sapatos de qualidade e venda-os por preços justos!'" É possível que o chamado de Deus esteja nas atividades que desempenhamos secularmente. Coloque Deus em tudo o que fizer e isso pode ser o seu chamado.

4. Não se preocupe com a abrangência do chamado. É uma preocupação sadia alcançar o maior número de pessoas, mas não podemos apegar-nos a numerolatria, a idolatria dos números. Um chamado de sucesso é definido pela qualidade. O zelo pela qualidade produzirá quantidade. Se a quantidade for o principal índice de sucesso, há uma probabilidade de enredar por ofertas baratas para manter-se, aderindo a modas, priorizando os olhos e não o coração. Lembro-me da história de um homem que todas as manhãs devolvia ao mar as estrelas-do-mar que ficavam encalhadas quando a maré baixava. Inquerido por alguém se conseguiria salvar todas as estrelas-do-mar encalhadas na praia, rodando uma e soltando em direção ao mar, respondeu: "Para essa eu fiz toda a diferença".

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Você é livre, é verdade. Inteiramente livre. Profundamente livre. É livre como nunca foi. Mas ainda que sejamos livres para fazer o que quis...