Sempre incentivei a fé de minha filha.
Ainda bebê, adquiri o Novo Testamento em áudio drama, que lhe permitia ouvir a
Palavra de Deus de forma dinâmica e continuada. Dei-lhe várias Bíblias, algumas
"no começo da fé" foram arrancadas as páginas, molhadas, mordidas e
cortadas. Ensinei-lhe a cantar hinos e mesmo sem saber ler (aos 3 anos de
idade), segurava sua Bíblia quando eu folheava a minha.
De uns tempos pra cá, tenho
intensificado minhas conversas sobre a fé em Jesus com ela, hoje com 7 anos.
Tivemos um período fantástico em que falamos sobre os milagres de Jesus.
Lembro-me de que nessa época, ela sentiu-se encorajada a orar por tudo. Depois
avancei para o calvário. Falei sobre a vida de Jesus e sua decisão de morrer
por nós para que fôssemos salvos. Ele me enchia de perguntas e várias vezes a
vi repetir o gesto da crucificação, abrindo os braços e inclinando a cabeça.
Por último, desde o começo do ano, passei a falar-lhe sobre o arrebatamento da
Igreja, a única certeza da escatologia (pelo menos, assim penso). E como isso
mexeu com ela! Vi várias vezes ela chorar, chorar mesmo, e por último, limitar
seus planos, pela possibilidade do arrebatamento acontecer.
Segue várias pérolas que ouvi dela: "Pai,
vamos viajar em maio, mas tomara que o arrebatamento não aconteça agora!" "Será
que o Nicolas vai nascer antes do arrebatamento?" "Eu não quero ficar
no arrebatamento!" (essa última, em lágrimas).
Semana passada, ela participou da
escola bíblica de férias em nossa Igreja e, se ninguém viu resultado, eu vi em
minha casa. Na EBF, deram um enfeite para ser posto na porta do quarto quando
fosse orar e, pasmem: todas as noites, ela pede para virar o enfeite enquanto
ora e desvirar quando terminar de orar!
Mas a última temática sobre o evangelho
mexeu muito com ela. Conversávamos sobre o eclipse que acontecerá hoje (27 de
julho), expliquei-lhe os detalhes do evento, dizendo-lhe a hora e o modo como a
lua ficará, avermelhada quase laranja. Eu ainda falava, quando me interrompeu:
"Mas vai ser o arrebatamento?" Eu lhe disse: "Ainda não, mas em
conexão com outros eventos, pode ser um sinal!" Nessa hora, ela começou a
chorar! Eu abracei-lhe e com muita firmeza disse: "Filha, servimos a Deus
para não termos medo do arrebatamento. Tenho certeza que vamos subir com
Cristo!". Ela enxugou as lágrimas e foi para o seu quarto.
Escrevo isso para incentivar os pais a
gastarem tempo falando da fé em Cristo Jesus com os seus filhos. Percebo que
muitoa pais procuram entreter os seus filhos, mesmo no ambiente do culto e, se
isso acontece no culto, como será em casa? Crianças precisam do Evangelho!
Assim como vemos relatos terríveis de crianças entregues à maldade desde cedo,
algumas podem testemunhar a grandeza de Deus ainda em pouca idade.
Certa vez, cantava com um amigo uma
música que falava do milagre de Jesus com a mulher que tocou-lhe a orla de seu
manto. Era apenas voz e piano, antes que o culto começasse. Uma criança
aproximou-se, atentamente ouvia a música e começou a chorar. Paramos de cantar
e perguntamos se ela estava bem. Ela disse: "É muito lindo o que Jesus fez
na vida dessa mulher!" Choramos também. Ela devia ter uns 5 ou 6 anos.
Inesquecível para mim!
Semana passada, uma criança de três
anos me enviou um áudio pelo celular da mãe para dizer que "queria ser
pastor quando crescesse!" Emocionei-me! Pude ver a esperança voltando, e
daí a necessidade de termos os olhos voltados aos pequeninos.
Vivi numa época em que as
"tias" da Igreja incentivavam as crianças a orar e elas oravam! Meu
avô acordava os netos que moravam em sua casa às 5h para orar com ele à beira
de sua cama! As tardes eram dedicadas a aprender hinos da harpa cristã! O que
escrevo não é saudosismo ou nostalgia, mas é simplesmente saudade! Saudade da
época em que crianças sonhavam também com o chamado para missões!
Quero destacar três importantes
considerações para o nosso tempo:
1. Moloque ressurgiu!
A aparência de Moloque era de corpo
humano com a cabeça de boi ou leão, e no seu ventre havia uma cavidade em que o
fogo era aceso para consumir sacrifícios. Segundo a crença de seus adoradores,
sua ira era aplacada pelo sacrifício de crianças. O salmos 106.37-38 descreve
esse grotesco período da história de Israel: "Sacrificaram seus filhos e
suas filhas aos demônios. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e
filhas sacrificados aos ídolos de Canaã; e a terra foi profanada pelo sangue
deles". Nos últimos anos, várias tem sido as investidas do inimigo contra
as crianças. Doutrinação escolar, reconfiguração familiar, difusão da ideologia
de gênero, luta pela legitimidade do aborto, vida sexual prematura,
pedossexualidade, etc. O inimigo das crianças mudou apenas o nome, as
estratégias continuam as mesmas.
2. Cristo convida as crianças!
Na passagem bíblica em que Jesus
convida as crianças a estarem com ele (Mateus 19.13-15). Como nunca é tarde
para aprender de Deus, também nunca é cedo demais para começar a vida cristã. O
chamado de Deus pode vir bem cedo. Vejo sempre uma preocupação em fazer os
filhos quererem uma profissão de grande reconhecimento. "Vai ser isso ou
aquilo!" Mas me impressiona que poucos apontem o caminho ministerial aos
seus pequeninos. Por quê?! Eu brincava de culto quando era criança e vim a ser
pastor! Não é regra, mas e se a aspiração for ministerial, sabia que isso pode
salvar a nova geração de pastores? Sabia que a esperança da nova geração da
Igreja está agora nos berços que balançamos?
3. A Igreja precisa amar as crianças!
A próxima vez que olhar para uma
criança, não a deixe passar sem um abraço ou uma demonstração de carinho.
Dedique tempo orando pelas nossas crianças. Demonstre interesse pela saúde
espiritual delas. Antes de usar palavras depreciativas, motivadas pela
comportamento de algumas, lembre-se: a próxima geração da Igreja sairá do meio
delas. Aí, me pergunto: Olhando a dedicação da Igreja hoje para com as
crianças, como será a igreja da próxima geração? Como será a igreja que terá
como membros as crianças que temos hoje?
Um dos primeiros livros que li foi
"Panorama do Pensamento Cristão", de Michael D. Palmer, de filosofia
cristã. Seu conteúdo riquíssimo, me forçou a lê-lo várias vezes para entender
sua mensagem. Mas o que me marcou nesse livro foi a dedicatória. Nele estava
escrito: "Ao meu filho, que quando da época de sua morte trágica, aos 18
anos, já conhecia profundamente o conteúdo deste livro".
Em Mateus 18.1-5, está escrito:
"Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: "Quem
é o maior no Reino dos céus? Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e
disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem
como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde
como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas
crianças em meu nome, está me recebendo". Merece a nossa atenção alguns
detalhes:
1. Os discípulos perguntaram:
"Quem é o maior no Reino dos céus?" Jesus chama uma criança e diz:
"Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como
crianças, jamais entrarão no Reino dos céus".
2. "A não ser que vocês se
convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus".
Isso não te perturba? Saber que, a menos que se torne uma criança, espontânea,
ingênua, pura, inocente, grata, não poderá entrar no Reino dos Céus?
3. "Quem recebe uma destas
crianças em meu nome, está me recebendo". Se consegue servir uma criança,
estará servindo a Jesus!
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