quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Viva a Igreja!

Vi uma polêmica gerada em torno de umas fotos que mostravam as salas destinadas às crianças em uma Igreja. Fiquei a pensar por horas e me recordei de quando eu era criança.

Lembrei de quando eu tinha sete anos e ia ao Círculo de Oração das Crianças, aos sábados, na época dirigido pela irmã Nilda, filha da irmã Rosa. Perdi a conta das vezes que aceitei Jesus e ainda chegava em casa testemunhando.
...
Na hora do culto, saíamos em fila, parávamos num comércio, trocávamos o dinheiro em moedas, para poder ofertar na Igreja, o que me fez ser um ofertante da Casa do Pai. Sinto prazer em dar ofertas. Muitas vezes dormi ao lado de minha avó ou da minha mãe, no banco mesmo, com a cabeça repousando ao seu lado. Um olhar de minha mãe era suficiente para eu me aquietar.

Assistia a cultos inteiros sem sair do lugar, não havia um lugar reservado para as crianças, nem ao menos cadeiras pequenas que melhor nos acomodasse. Era nos dado um microfone e não uma televisão. Cantávamos de verdade e não apenas fazíamos gestos.

Hoje escolhemos Igrejas pelas dependências. Banheiros, estacionamento, sala infantil e etc. Num grande congresso nos Estados Unidos, um pastor prometeu revelar o segredo para o crescimento de uma Igreja. Todos ficaram empolgados. Ele simplesmente disse: "Construam banheiros e estacionamento". Aí, sabe o que eu vejo hoje? Banheiros luxuosos, estacionamento coberto e com segurança, salas equipadas com o que existe de mais moderno, Igrejas que mais parecem cartões postais, mas que tornaram-se frias, onde tudo é permitido.

Estava na casa de um amigo esses dias quando um de seus convidados disse algo que me fez refletir: "Não adianta a Igreja ter tudo em seu interior, e faltar o Espírito Santo na vida de seus membros". Isso é uma grande verdade. Templos megalômanos envaidecem os seus frequentadores.

Sei que muita gente pode até discordar do que escrevo, mas a verdade é que a febre de construir o templo de Salomão atacou a maioria dos líderes de Igreja. Um gaba-se de ter um templo com equipamentos que só existem lá. Outro, de ter capacidade para abrigar sessenta mil pessoas. Outro chega a ter visões que o templo físico subirá no arrebatamento. É o delírio de ter a melhor e maior Igreja.

Dirá o leitor que estou falando do que eu mesmo não vivo. Eu diria: "Amo cuidar da Igreja, amo a Igreja. Não tem como eu lhe mostrar ou provar o tempo que gasto para preparar um sermão ou produzir um série de estudos para Igreja onde sou pastor. Você não sabe o tamanho do apelo que faço para os irmãos congreguem mais, orem mais, jejuem mais e leiam mais a Bíblia. Procuro ser o mais didático possível nas ministrações, mas sinto que nesses últimos anos, a alegria do Espírito e sua visitação à Igreja tornou-se algo reservado às visitas de conferencistas e pregadores animadores".

Eu oro por uma grande mudança na Igreja.

Oro para que o Espírito Santo sopre como na época em que eu era criança.

Oro para ver de novo o hoje tão raro batismo com Espírito Santo.

Oro para que os candidatos ao batismo nas águas sejam também candidatos ao céu através de discipulado bíblico.

Oro para que a cura divina aconteça através de uma simples oração feita em nome de Jesus.

Oro para que o ministério seja servo da Igreja e não cabide de homens elitizados e blindados.

Oro para que o altar seja o local onde se assentam os príncipes de Deus e não onde exibem as roupas de marcas.

Oro para que a vestimenta chame menos atenção do que o sermão.

Oro para que a retórica seja menos louvada do que a graça gerada por momentos de oração.

Oro para que os pequenos anseiem buscar a Deus através de louvor e leitura da Palavra de Deus.

Oro para que nossos cultos sejam ao Senhor e não a nós.

Viva a Igreja!

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