quinta-feira, 9 de julho de 2015

Algumas considerações sobre sentar-se ao fundo na Igreja.

Depois de muito pensar, resolvi postar algo, considerando alguns anos como membro de uma Igreja.
Em primeiro lugar, escolher onde sentar-se na Igreja é um ato de liberdade. É bom estar num lugar onde você pode escolher que lugar sentar. A Igreja é um ambiente de liberdade. Não podemos institucionalizar ou ditar onde as pessoas vão sentar. Escolher é um dom de Deus e negar isso aos homens é um ato imoral.
Em segundo lugar, escolher o lugar onde sentar-se na Igreja diz muito sobre a condição espiritual. Os fariseus sentavam-se à frente por vaidade e soberba. Os miseráveis, por serem considerados indignos, sentavam-se atrás. Quando estamos bem com Deus, consideramos que estar mais a frente faz-nos mais próximos de Deus.
Em terceiro lugar, escolher o lugar onde sentar-se na Igreja denuncia o tamanho da nossa fome espiritual. Preste atenção onde sentam os novos convertido. Em nossa Igreja temos um que aceitou a Cristo na virada do ano passado e escolheu sentar-se nas primeiras fileiras. Sempre que eu ministro, seus olhos ficam "grelados", parecendo absorver palavra por palavra. Quanto mais fome espiritual, mais a frente nos sentamos. Verifique o que acontece quando vem uma celebridade ao um importante evento. Pessoas disputam os primeiros lugares. Quando estamos ansiando mais de Deus, naturalmente nos sentamos mais a frente.
Em quarto lugar, apenas para servir de antítese ao que foi dito antes, escolher sentar-se ao fundo na Igreja pode ser uma fuga, possível frieza e indiferença. 1) Fuga porque geralmente os que não se sentem bem com Deus, escolhem fugir. Fugir de um confronto ou encontro. 2) Frieza porque, quanto mais distantes de Deus, maior probabilidade de sentir-se ruim no ambiente do culto. 3) Indiferença porque já não se importa com o que acontece no culto e ao invés de participar dele, é apenas um expectador, que não assimila, nem emociona, muito menos se abre a mudanças.
Em quinto lugar, escolher o lugar onde sentar-se na Igreja pode ser simplesmente timidez. Durante anos eu fui assim e ainda hoje sinto muita vergonha de levantar-se, andar e outras coisas parecidas. A timidez de estar mais a frente pode ser um motivo para escolher sentar-se ao fundo. Alguns poderão dizer que "timidez não é coisa de Deus", mas exegeticamente falando, a timidez que Deus reprova é referente ao Evangelho, daqueles que envergonham-se do Evangelho e negam-se a pregá-lo de alguma forma.
Em sexto lugar, escolher o lugar onde sentar-se na Igreja, pode denunciar o propósito de ir ao culto. Quem quer prestar atenção, sem perder a sintonia com o que é ministrado do altar, se oração, louvor ou palavra, ficará mais à frente. Quem quer prestar atenção aos detalhes que não envolvem o culto, como roupas sapatos, conversas paralelas, celular, selfies ou simplesmente não participar do culto, geralmente sentam-se atrás.
Em sétimo lugar, sentar-se ao fundo só é bem visto quando não há lugar mais a frente. Quem está com boa expectativa quanto ao culto, quem quer receber algo, quem espera mais do culto e de Deus, senta-se mais à frente.
Em oitavo lugar, escolher sentar-se ao fundo na Igreja, pode ser sinal de pânico a lugares fechados. Os que possuem fobias a lugares fechados preferem sentar-se o mais próximo da saída, no caso da Igreja, mais ao fundo.
Em nono lugar, escolher sentar-se ao fundo da Igreja, pode denunciar falta de aceitação ao pastor e sua administração. A prática de sentar se ao fundo pode servir para observação de quem está ou não no time do pastor. A possibilidade de fazer uma leitura do público ao sentar atrás facilitará na investida a mais insatisfeitos.
Em décimo lugar, escolher sentar-se ao fundo da Igreja pode ser um ato de quem possivelmente quer irritar o pastor. Quase todos os pastores concordam que lhes dá vontade de arrancar pessoas do fundo e pô-los mais a frente.
Em décimo primeiro lugar, escolher sentar-se ao fundo da Igreja pode denunciar medo do ambiente do culto, de santidade e manifestação dos dons espirituais. Ao sentar-se ao fundo fica mais fácil "esconder" do olhar perscrutador dos profetas. Não encará-los de perto facilita a fuga antes que seja "revelado".
Em décimo segundo lugar, escolher sentar-se ao fundo da Igreja inibe os visitantes a estarem bem em um ambiente que não têm familiaridade. Ao chegarem na Igreja e encontrarem os lugares mais próximos da porta ocupados, ficam constrangidos de terem de andar entre os presentes no culto para achar um lugar.
Em décimo terceiro lugar, escolher sentar-se ao fundo da Igreja facilita as saidinhas rápidas no momento do culto. Geralmente ir ao banheiro, beber água e tirar aquela selfie com os recepcionistas acontece mais com quem se senta ao fundo da Igreja.
Em décimo quarto lugar, escolher sentar-se ao fundo na Igreja pode ser sinal de não-aceitação. Mesmo que a igreja acolha bem os seus visitantes e membros, sempre haverá pessoas que se sentem desprezadas e não amadas pela comunidade cristã.
Enfim poderíamos escrever várias outras razões sobre porque as pessoas escolhem sentar-se ao fundo da Igreja e se fizermos uma abordagem mais dura, sem medirmos consequências nem os motivos que elas têm, seria injusto nas minhas razões. Não gosto quando pessoas deixam de sentar-se a frente para sentar-se atrás, mas quem sou eu pra saber o que se passa no coração delas? Como posso fazer uma leitura acertada de cada caso? Já vi gente usar as últimas cadeiras por medo, outras por necessidades intestinais, outras por causa de seus filhos e por aí vai.
Torço para que cada pessoa se sinta o mais confortável possível no ambiente do culto. Que o incômodo seja apenas aquele gerado pela Palavra de Deus. "Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como martelo que esmaga a rocha?" (Jeremias 23.29).

2 comentários:

disse...

Gostei muito do artigo. Canto no louvor da igreja e vejo o quanto as pessoas que estão ao fundo se distraem com coisas paralelas. Pouquíssimos se mantêm concentrados no culto.

Seguros em Geral disse...

Proveitoso!

LIVRE, MAS LIMITADO

Você é livre, é verdade. Inteiramente livre. Profundamente livre. É livre como nunca foi. Mas ainda que sejamos livres para fazer o que quis...